A interligação entre nutrição bovina e a otimização do processo reprodutivo é crucial. Isso decorre da influência direta nos diversos aspectos fisiológicos da reprodução, desempenhando um papel fundamental na manifestação do comportamento sexual dos animais.
Contudo, você está ciente de como integrar com precisão a nutrição com as técnicas de reprodução?
Manter uma nutrição adequada para o gado é de importância central. Afinal, tanto a desnutrição quanto o excesso alimentar na manada podem desencadear problemas de infertilidade. Dessa forma, o manejo alimentar inadequado figura como uma das principais causas subjacentes ao desempenho reprodutivo insatisfatório do gado bovino no Brasil.
Vale ressaltar que essa conexão não é recente, visto que os antecessores bovinos desenvolveram mecanismos de adaptação a períodos de escassez alimentar. Uma dessas estratégias envolvia a diminuição da taxa de reprodução, considerada uma atividade secundária na época.
Até hoje, a má alimentação pode acarretar nas seguintes implicações:
- a) Ausência de ciclos estrais;
- b) Retardo no processo produtivo;
- c) No caso do gado leiteiro, redução na produção no ano subsequente;
- d) Para o gado de corte, bezerros desmamados com menor peso e vacas demorando a conceber novamente;
- e) Decréscimo na renda anual da propriedade.
Isso ressalta que a administração nutricional requer constante atenção por parte dos profissionais envolvidos na criação bovina. Para explorar mais acerca da influência da nutrição na reprodução, continue a leitura deste artigo!
1- Reprodução Bovina e suas demandas nutricionais
Antes de determinar o momento ideal para submeter uma vaca ao processo reprodutivo, é imperativo compreender suas necessidades nutricionais ao longo do ciclo de produção. Isso possibilita a implementação de suplementação eficaz e econômica.
Uma nutrição adequada para o rebanho exerce impacto positivo em todas as etapas do processo de reprodução bovina. Inquestionavelmente, isso influencia a manifestação do cio, desenvolvimento dos folículos, qualidade dos gametas, taxa de ovulação, ambiente uterino, desenvolvimento embrionário e também desempenha um papel significativo na manutenção da gestação.
As exigências diárias de energia, proteínas e minerais para o rebanho devem ser calculadas e direcionadas de forma otimizada. Notavelmente, esses nutrientes são cruciais para a eficácia reprodutiva, porém, cada um deve ser fornecido ao rebanho com graus de prioridade distintos e específicos.
1.1 – Impacto da nutrição bovina na reprodução
A seguir, confira como cada um dos mecanismos de ação da nutrição afeta a reprodução bovina!
1.1.1 – Ação nas gônadas
Os nutrientes absorvidos destinam-se às células germinativas e endócrinas. As demandas absolutas dessas células não são elevadas, seja para proteína ou energia.
1.1.2 – Hipotálamo e hipófise
O impacto no eixo hipotálamo-hipófise pode surgir de mudanças na secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina) pelo hipotálamo ou na sensibilidade da hipófise a esse hormônio. Assim, vários metabólitos nutricionais e hormônios metabólicos podem influenciar a reprodução agindo nesses locais.
1.1.3 – Metabolismo de hormônios esteroides
O metabolismo dos hormônios esteroides ocorre principalmente no fígado, onde uma série de enzimas atua sob o controle de fatores hipofisários. Dado que a secreção de somatotrofina é sensivelmente influenciada pela nutrição, o metabolismo dos esteroides gonadais também sofre influência.
1.1.4 – Depuração hormonal
Em condições de restrição alimentar, o fluxo sanguíneo para o fígado diminui. Uma vez que esse órgão é o principal local de metabolismo hormonal, especialmente dos esteroides, esse processo metabólico fica prejudicado.
1.1.5 – Alteração nos hormônios metabólicos
O estado nutricional do animal pode perturbar o padrão de secreção e atividade dos hormônios que regulam o metabolismo. Hormônios como insulina, somatotrofina e diversos fatores de crescimento têm suas atividades alteradas pelo perfil nutricional.
1.2 – Ramificações da má nutrição
O principal desdobramento da nutrição inadequada é o anestro, a ausência de ciclos estrais e estros (cios). Isso acontece quando o animal é exposto a uma deficiência alimentar severa ou prolongada, levando a seus ovários a se tornarem inativos e diminutos. Ademais, animais subalimentados tornam-se mais suscetíveis a outras enfermidades. No caso dos touros, isso pode prejudicar músculos e o desenvolvimento ósseo, impactando negativamente a monta.
Além disso, há implicações em termos econômicos. Uma falha na estação de monta resultará em atrasos na produção de bezerros, comprometendo a produtividade da fazenda. Na pecuária leiteira, se as vacas não retornarem à atividade reprodutiva após o desmame, não haverá nascimentos no ano seguinte, levando a uma redução na produção de leite. No rebanho de corte, essa demora afeta a quantidade de animais comercializados ou retarda o alcance do peso ideal.
1.3 – O dilema da superalimentação
Por outro lado, superalimentar o rebanho não resolve o problema. O excesso de alimentação também pode induzir à infertilidade no gado. Por exemplo, o consumo excessivo de rações energéticas pode levar à obesidade, afetando negativamente a capacidade reprodutiva dos animais.
A deposição excessiva de gordura nos órgãos reprodutivos…